domingo, 4 de julho de 2010

O QUE TEM NO RALO DO MUNDO?

- Linhas de camiseta, restos de sabonete, amores pela metade, desejos remoídos, e tufos de cabelo? Meus tufos de cabelos negros foram sugados pelo ralo...e eu fui junto.


- No ralo do mundo pode ter tudo isso que você falou, os sentimentos que escorrem não pelos olhos, mas pela alma, pelo desconforto, frutos de um cotidiano que nos esmaga e nos engana a cada tentativa de vencer....tá bom assim?


- Nessa temporada, fui viver num ralo do mundo, absorvendo tudo que é cuspe, catarro e porra que cai de cima. Até o sangue de feridas que nem sei a quem pertencem cai sobre mim. Quer saber se estou na fossa? Sim, estou no ralo da fossa, filtrando tudo quanto é desajuste que vem de cima.

FLICTS

Uma parte de mim é esse Rimbaud, da temporada ardendo em chamas. Um ano para mais daquelas angústias engavetadas. É assim, tem sido assim. Desanuviei a vida pelo esmalte cordirosa, a fita verde e olheiras tom pastel. Botaram tom na dor, que sorriu verde em cor.

ENTRE NÓS, SÓ SEXO E DEUS

eu me dou com essas feridas abertas
com essa fratura exposta que eu pinto com hb
com essa textura que arrepia seus pêlos,
eu vou pintar essas ranhuras com pilot número cinco
sempre me dei com pequenos estragos ofuscados a media-luz
como a milonguinha do astor
é, o resto são complementos da sala de estar.
Aqui na Lua, as cabeças se acotovelam num headbanguer de nona sinfonia de luidwing van. Talvez isso seja o que chamam de céu. Tudo é meio céu, tudo tem o pé no inferno, tudo balança como um barco ébrio de Rimbaud. Tanto faz. É só para saber crer que o céu é a ternura que faz par com a travessura.
um minuto de silêncio por todos os tiros interrompidos contra o escuro.