segunda-feira, 30 de junho de 2008

JUNHO É SÓ JUNINO

Esqueça junho, 2008 e as contagens regressivas.

segunda-feira, 16 de junho de 2008

EDIÇÃO LIMITADA

A fonte secou - volume I.

sábado, 14 de junho de 2008

UM BOM MALANDRO NÃO TOMBA

Em Mangueira/Quando morre/Um poeta/Todos choram
Vivo tranqüilo em Mangueira porque sei que alguém há de chorar quando eu morrer
Mas o pranto em Mangueira/É tão diferente/É um pranto sem lenço/Que alegra a gente
Hei de ter um alguém pra chorar por mim/Através de um pandeiro ou de um tamborim
Em Mangueira/Quando morre/Um poeta/Todos choram
Todo tempo que eu viver só me fascina você, Mangueira
Guerriei na juventude, fiz por você o que pude, Mangueira
Continuam nossas lutas,podam-se os galhos, colhem-se as frutas e outra vez se semeia
E no fim desse labor/Surge outro compositor/Com o mesmo sangue na veia.

(No Tom da Mangueira/Cartola)

quinta-feira, 12 de junho de 2008

O ROMANTISMO MANDOU AQUELE ABRAÇO

Quero ir na fonte do seu ser e
banhar-me na sua pureza,
nadar em goles gotas de felicidade,
matar saudade que ainda existe em mim,
afagar teus cabelos molhados,
pelo orvalho que a natureza reza,
com sutileza, que me fez a perfeição,
deixando a certeza de amor no coração.
Deixa eu te amar,
faz de conta
que sou o primeiro,
na beleza desse seu olhar,
eu quero estar de corpo inteiro.
Quero saciar minha sede,
no desejo da pai xão que alucina,
me embrenhar nessa mata só porque,
existe uma cascata que tem
águas cristalinas.
Aí então vou te amar com sede,
na relva na rede
onde você quiser,
quero te pegar no colo,
te deitar no solo,
te fazer mulher

(Salve Agepê)

SUASSUNA ARIANO A TAÇA...

.... que era nossa

terça-feira, 10 de junho de 2008

CAPRICHO, QUERIDA, ATREVIDA E AFINS

Para não ir além-mar, pra lá do Tietê, era só ele aquietá-la dizendo: “tá com tédio? toma Toddy”.

- Tô com tédio.
- Leia um livrinho ruim.
- Alguma sugestão?
- Leia um Paulo Coelho e circule os erros de português.
- Já fiz isso quando tinha 13 e nem me venha com Sabrina, não posso ter ereções. Dispenso também Sidney Sheldon.
- Eu tenho ereções quando assisto National Geographic ou Discovery Channel.
- Nada me constrange mais do que animais se acasalando. Meu cachorro transa todos os dias depois das refeições principais com um travesseiro, um sapo de pelúcia ou com uma almofada. Eu corto caminho na sala.
- Se eu não tivesse que trabalhar, também transaria com um criado-mudo jeitosinho todo dia depois do almoço.
- Tiraria a gaveta ou deixaria semi-aberto?
- Semi-aberto. Fricção é tudo.
- Foi por isso que pensei que tirasse a gaveta.
- É um erro comum. Eu tenho cara de bem-dotado. Ledo engano.
- Mas olha, se continuar nessa de criado-mudo, daqui a pouco virão os sapatos de bicos finos e proclamo o fim da minha espécie.

...

- Você já comeu coisas azuis e convexas? Tipo um Niemeyer?
- Ah, as linhas curvas me fascinam.
- E o azul anil?
- Ai, pára que eu tô quase lá.
- (Não é apenas o Otto e o Serguei que comem coisas estranhas), pensou alto.
- Eu não como nada estranho. Sexo com utensílios domésticos, anões e móveis é bem comum.
- Você já teve noites românticas com ursinhos da Mattel?
- Não quero falar sobre isso. Eles nunca mais me ligaram e foi tão bem, tão perfeito...
- Mamma mia, é sexo casual, tá escrito na etiqueta.
- Não importa o que digam. Vou sempre amá-los.
- Você lembra da Peposa? Diz que sim.
- Não, lamento.
- Talvez resolvesse seu problema, tenho um exemplar.
- Ó, dica de sexo: frasco roll-on de desodorantes Pierre Alexander.
- Ele usa, ela usa.
- Não repare minha demora, estou procurando utensílios potenciais para nossa pesquisa.

...

- Acabo de descobrir chinelos de inverno.
- Quentinhos.
- Veja só como são aconchegantes. Além do que são revestidos de imagens dos mais interessantes tipos. Veja só: Betty Boops.
- Tô ficando daquele jeito.
- Se continuar assim, não podemos ir adiante. Tá com 15?

* Eu sou a de saia rosa, com tiara da mesma cor. O de macacão azul é o Rodolfo, literato que assina como jornalista e escreve os textos mais limpos desse mundão véio sem porteira.

Da série "Coisas que não acontecem mais atrás da mangueira daquele pomar de vestidos brancos e varas de pescas numa linda tarde de outono de flores do chão depois do almoço de domingo".

sábado, 7 de junho de 2008

TAGARAGARAGA *

Minha mãe teve vizinhos que tocavam orgãos de igreja e que ouviam "balad of the john and yoko", até as duas da manhã. Ela perdoava os da segunda hipótese. No outro dia, lá pelas sete, ela dava uma lata de tinta vazia e um pedaço de pau para mi hermano e dizia: toque bumbo, aqui perto dessa janela, da janela dos da primeira hipótese. E ele se sentia o da caixa de repinique na fanfarra municipal. Sempre tive medo daqueles faixas aveludadas carregando o nome da cidade e da menina igualmente vestida de veludo abrindo espacate no asfalto quente. Vai ver que é porque nesta época eu assistia aos desfiles do Sete de Setembro com as minhas lindas e dóceis patas ortopédicas, enquanto elas usavam sapatilhas com fru-frus.

*som do repinique, segundo o meu especialista em onomatopéias e tocador de repinique até os 11, Keith Richards e sua air guitar até hoje...
...

sexta-feira, 6 de junho de 2008

FÉLICITÉ

As coisas acenam a mão do lado de lá e eu abano as minhas do lado de cá. Tudo começa de novo em junho. É o eterno retorno, dizia o grande amigo de Wagner. Algumas coisas saem do lugar, inspiradas por formigas que mordem a bunda, outras nem pensam em voltar para o lugar de onde nunca deveriam ter saído. Tropeço, mas não imito o papa.

Ser, estar, permanecer, ficar (rápido), andar, continuar, tornar-se, virar-se, viver (lentamente) é quase a nona de Beethoven, é quase a inscrição do pergaminho.

domingo, 1 de junho de 2008

SACODE A POEIRA

A espinha de peixe produzida com agulha e linha está abanando as mãos aqui, toda contornada por Pilot azul e vermelha. Adíos pinta, seios e vulva. Amanhã a essa hora o novo inquilino será o mapa do Chile. És un placer recebê-lo, senhor de Neruda, tem uma centena de poemas bilíngues a serem hipotecados.

Dá jeito para mim, coloque tudo no lugar, até no lugar que não estava antes. Já falamos sobre a pinta, né? Ela fez morada aí e nunca vai mudar de cor, nem sumir feito contestelações empoeiradas. Diz que tem jeito, que será fácil, que tira de letra, que você sabe bem o que está fazendo e que depois disso eu nunca mais precisarei me lamentar, mas que vai deixar um sinalzinho feito ponta de lápis que servirá como o marco zero de uma vida que acaba de começar. Não quero ter medo, bota a torcida alvinegra pra segurar minha mão. Tem uma música que me acalma, sim tem. O único rondó musicado que tenho notícia: bambalalão, senhor capitão...Não deixe minhas mãos ficarem geladas. Dê notícias a minha mamá. Hoje sou capaz de prever um dia feliz.

Tudo recomeça bem em junho. É a segunda chance de todas as coisas. É o fim que levaram todas as flores. E eu sou feliz por parecer uma folha qualquer com um desenho de sol amarelo e fazer xixi na cama de felicidade prevista...

tocaí pablo:

"Ri-te da noite,
do dia, da lua,
ri-te das ruas tortas da ilha,
ri-te deste grosseiro
rapaz que te ama,
mas quando abro os olhos e os fecho,
quando meus passos vão,
quando voltam meus passos,
nega-me o pão, o ar, a luz, a primavera,
mas nunca o teu riso,
porque então morreria".

Legenda: Saturno devorando a un hijo (Goya) ou Pilot sobre la panzón (RC.Okida)