sábado, 7 de junho de 2008

TAGARAGARAGA *

Minha mãe teve vizinhos que tocavam orgãos de igreja e que ouviam "balad of the john and yoko", até as duas da manhã. Ela perdoava os da segunda hipótese. No outro dia, lá pelas sete, ela dava uma lata de tinta vazia e um pedaço de pau para mi hermano e dizia: toque bumbo, aqui perto dessa janela, da janela dos da primeira hipótese. E ele se sentia o da caixa de repinique na fanfarra municipal. Sempre tive medo daqueles faixas aveludadas carregando o nome da cidade e da menina igualmente vestida de veludo abrindo espacate no asfalto quente. Vai ver que é porque nesta época eu assistia aos desfiles do Sete de Setembro com as minhas lindas e dóceis patas ortopédicas, enquanto elas usavam sapatilhas com fru-frus.

*som do repinique, segundo o meu especialista em onomatopéias e tocador de repinique até os 11, Keith Richards e sua air guitar até hoje...
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4 comentários:

Renato Rodrigues disse...

Mães vingativas.
A minha descontava a raiva me fazendo ignorar o filho da outra.

Fanfarra...
Eu tocava tarol.
Toma limona-da
Toma limona-da
Esse é o segredo pra não sair do compasso ou só mais uma forma de avacalhar.
Fanfarra no meu tempo de escola era a forma dos alunos baderneiros pagarem os pecados estudantis passando vergonha perante toda a cidade vestidos com aquelas roupas limpas e organizadas que lebram um exercito de não sei o que.
Mas o bom era que funcionava e as viagens para tocar nas politicagens das prefeituras das cidades vizinhas, se transformavam em um perfeito cabaré.
Muitos amigos que hoje sofrem problemas com bebida e outras cocitas mas, começaram a carreira nessas viagens. virgindade? ela se perdia em um banco de ônibus. E olha que fanfarra era a forma de pagar nossos pecados.
e naquele tempo, eu adorava ser um pecador.

RONALDO VERNECK GONCALVES disse...

Caríssima Graziela... saudações ardidas!
Vc queria saber de onde provinha tamanha blasfêmia à incalta pessoa. Coube-me esquecer de responder-lhe a identidade de tal figura. Um descompasso de minha mente, tão esquecida. Talvez seguidora dos males de Alzaimer. (vá lá saber). Pois bem, o distinto verborrágico amigo que destilou adjetivos generosos à sua pessoa é um brasileiro. Residente nas terras de Araçá. Mais conhecido por seu sobrenome homônimo de um cultuado artista espanhol. Que, por ventura, tem o nome de Ventura. Capice?
Bjim

Marcelo Amorim disse...

Este texto ficou dos bons! Carece reler e treler, faço isso depois, ao longo. Demorou pra você voltar, hein. Ou não, ou foi o tempo necessário pra que eu pudesse encontrar aqui o necessário, vai saber. Só não esperava ser recebido com fanfarra ;-)

Anônimo disse...

Sensacional. E pra quem nao gostou oH: TOP TOP.