sábado, 26 de abril de 2008

ASDFGH

Tomei um porre pela metade, com uma amiga de unhas vermelhas e dedos finos de pianista, que prometeu tocar pra mim "Jesus Alegria dos Homens", de Bach e não lembrou nem a pau a melodia de "Noturno", de Chopin.

- Dedilha aí na mesa.
- Não consigo.

Mas o importante é que o toque do celular dela é uma melodia tocada por uma das mãos de João Carlos Martins e elas estão junto com o amigo que vê com desconfiança a demora das duas no banheiro, sem saber que uma delas discute sobre a paixão repentina e vergonhosa pelo Patch Adams e seu amor contagioso.

Sem contar que minutos antes ele, ex-dela, que lamenta muito ter assistido só agora, há dois dias, "O Sétimo Selo", produzido muito antes de ele vir trazer grosseria, hombridade e beleza ao mundo, que mudou sua vida da noite para o dia, disse que ela tem muito talento para narrar livros e filmes que as pessoas ainda não assitiram. Mas mesmo assim ela o peita, porque quer achar a ironia dessa observação feita por ele, mesmo quando ela finge não perceber que ele quer o bem dela, porque ainda quer viver com ela. Viver de novo com ela e seus paus homéricos.

Mas esses porres pela metade terminam mal na cama, na pia e em cima do pijama. Intimida a retirada da maquiagem, faz com que eu veja uma hóstia enorme em cima da pia. Não, não é uma hóstia enorme daquela que só padre da primeira comunhão come, é a esponja do pó compacto. Ela tá nova, a moça trouxe há alguns minutos, depois que você disse a ela, quando a encontrou no mercado, que tinha posto na chón blush e pó compacto café médio.

E essa cama cheia das mil roupas que provou antes de pôr os pés e sua barriga gorda e sequelada pra fora de casa. Essa noite ela lembrou também toda a história da sua pancinha sequeladinha e até chorou mais ou menos, porque esses porres pela metade trazem conseqüências pela metade, até lágrimas param de rolar no meio do caminho. No meio do caminho havia uma lágrima, havia uma lágrima no meio do caminho.

Apaguei a luz, me despedi com beijos, promessas de hasta luego e depois te conto o que farei. Porra, por que só agora viu que o livro que o amigo trouxe emprestado tem aquele enigma matemático de M.C Éscher na capa? Saramago é chegado naquela vã filosofia do homem tridimensional? Teria o livro algo a ver com isso? Meu estômago deu mil saltos ornamentais de três metros rasos de ver aquele monte de escadas labirintais (de labirinto ou de labirintite, não decidi ainda).

Não lata, Otto. Só estou chegando em casa. Nada de xixizinho e estrimiliques lá fora. Nem tem gente na rua. Mas cadê o amigo que saiu pra ver o Luiz Melodia e há dois dias não dá notícias do clima paulistano? Ah, Luiz Melodia e seu CD Pérola Negra virou assunto proibido na noite de ontem.

Não quero vomitar, porque não quero ter que escovar os dentes a essa altura do campeonato. BNDES: 200 cidades estariam ligadas a fraude. Mas eu nem quero saber dessa notícia agora. Nem quero saber que aquele homem era advogado do Maluf e o repórter do aparelho discreto nos dentes citou apenas que ele já defendeu Zé Ramalho...que mané Zé Ramalho, é Zé Dirceu. E cara, cadê a boca do Zé Dirceu? Como será que vive uma pessoa sem boca na Páscoa, quando todos têm muitos lábios de chocolate Garoto pra lamber?

Ai que inferno essa sede. Me ilumine, meu Deus, para que no escuro eu não tateie o copo vermelho de plástico que está em cima da bandeja de plástico verde (parece cozinha de Malhação) e tem cheiro de axilas sem desodorante.

Esquece também aquela pomada para espinhas que mancha cílios, sobrancelhas e pijamas. Amanhã, quando botar os pés no flip flop invertido terei a sensação mais linda das sensações.

"Estava indiferente às minhas equipagens,
Fossem trigo flamengo ou algodão inglês.
Quando morreu com a gente a grita dos selvagens,
Pelos Rios segui, liberto desta vez".

(Barco Ébrio - Rimbaud)

4 comentários:

Renato Rodrigues disse...

musica+bebida+politica+bebida²+musica+bebida+bebida-musica+bebida-politica+vomito+religião+bebida+beleza+porra (porra?)-raiva+bebida = cabo de guarda chuva

Anônimo disse...

Sabe fratura exposta? Pois é...
(com os cumprimentos dos BEE GEES e
How Can You Mend a Broken Heart...rsrsrsrsrs!!!)...

Ventura Picasso disse...

Não sei por que você sempre acerta o meu passado. Quem diria que um ASDFG pudesse cutucar o cerebelo de um ancião? Pois é Menina pus a direita sobre o ÇLKJH, e fui atingido pelo mamilo esquerdo da minha instrutora de ‘dactilografia’. As mãos tremiam tanto e da testa descia um aguaceiro parecendo coroa na menopausa quando sutilmente estimulada. Aí, eu não conseguia acertar a tecla ‘G’ sem pensar no ponto. Chegava a sentir o cheiro da vida, não queria apertar as teclas queria cheirar as mãos. Passei a entender perfeitamente o que Bach queria dizer antes de Reforma com a ‘Alegria dos homens, Jesus!’.
Não chores pela pancinha sequelada, a Argentina já não chora por ninguém. Trabalhe a cicatriz. Minha amiga, a mulher méis linda que conheci, claro quando jovenzinho, tinha uma Belém-Braísilia do pé do umbigo, ao topete do púbis, e a beleza estava nas atitudes, ou seja, se couber aqui, mulher que não tem medo de pinto, mas nunca espantou galinha numa granja, nunca fez barraco na maloca.
Quando a vida trágica do J.C.Martins, no lixo da minha memória, lá no arquivo morto que não serve para transplante, ainda lembro que o coitado do pianista sem dedos sempre foi cupincha do Paulo Salin Maluf, e a boca do Zé Dirceu foi costurada pelo (Partido da Imprensa Golpista) PIG.
Hoje, mais do que ontem, estou te amando,
Vc é maravilhosa... etc.

Disciplina de Radiojornalismo disse...

Por falar em porre, será que rola um? :P
Rewrijhqwoiwejhro