domingo, 1 de junho de 2008

SACODE A POEIRA

A espinha de peixe produzida com agulha e linha está abanando as mãos aqui, toda contornada por Pilot azul e vermelha. Adíos pinta, seios e vulva. Amanhã a essa hora o novo inquilino será o mapa do Chile. És un placer recebê-lo, senhor de Neruda, tem uma centena de poemas bilíngues a serem hipotecados.

Dá jeito para mim, coloque tudo no lugar, até no lugar que não estava antes. Já falamos sobre a pinta, né? Ela fez morada aí e nunca vai mudar de cor, nem sumir feito contestelações empoeiradas. Diz que tem jeito, que será fácil, que tira de letra, que você sabe bem o que está fazendo e que depois disso eu nunca mais precisarei me lamentar, mas que vai deixar um sinalzinho feito ponta de lápis que servirá como o marco zero de uma vida que acaba de começar. Não quero ter medo, bota a torcida alvinegra pra segurar minha mão. Tem uma música que me acalma, sim tem. O único rondó musicado que tenho notícia: bambalalão, senhor capitão...Não deixe minhas mãos ficarem geladas. Dê notícias a minha mamá. Hoje sou capaz de prever um dia feliz.

Tudo recomeça bem em junho. É a segunda chance de todas as coisas. É o fim que levaram todas as flores. E eu sou feliz por parecer uma folha qualquer com um desenho de sol amarelo e fazer xixi na cama de felicidade prevista...

tocaí pablo:

"Ri-te da noite,
do dia, da lua,
ri-te das ruas tortas da ilha,
ri-te deste grosseiro
rapaz que te ama,
mas quando abro os olhos e os fecho,
quando meus passos vão,
quando voltam meus passos,
nega-me o pão, o ar, a luz, a primavera,
mas nunca o teu riso,
porque então morreria".

Legenda: Saturno devorando a un hijo (Goya) ou Pilot sobre la panzón (RC.Okida)

5 comentários:

Anônimo disse...

aaaaaai, que será lindo junho! Fico aqui cantando a musiquinha que escolheu. E ansiosa pelo próximo post!!! beijos!

Unknown disse...

Chorei
Não procurei entender
Todos viram, fingiram
Pena de mim não precisava
Ali onde eu chorei
Qualquer um chorava
Dar a volta por cima que eu dei
Quero ver quem dava
Um homem de moral
Não fica no chão
Nem quer que mulher
Lhe venha dar a mão
Reconhece a queda
E não desanima
Levanta, sacode a poeira
E dá a volta por cima
Reconhece a queda
E não desanima
Levanta, sacode a poeira
E dá a volta por cima
Chorei
Não procurei entender
Todos viram, fingiram
Pena de mim não precisava
Ali onde eu chorei
Qualquer um chorava
Dar a volta por cima que eu dei
Quero ver quem dava
Um homem de moral
Não fica no chão
Nem quer que mulher
Lhe venha dar a mão
Reconhece a queda
E não desanima
Levanta, sacode a poeira
E dá a volta por cima
Reconhece a queda
E não desanima
Levanta, sacode a poeira
E dá a volta por cima

Renato Rodrigues disse...

6 lateral esquerdo.
peraí? o futebol era no conto.
mas, 6 também é junho. junho é o meio do ano. ou vai ou racha!
fica tudo zerado
é a grande chance de esquecer
de fazer
de calar
de mostrar
de sentir
de chorar
de pedoar
de ser perdoado
de votar...

para o João preguiça, o ano começa agora.
Para o Zé Veloz já estamos perto do fim
para as crianças, papai noel já está tirando foto para as garrafas de coca cola.

E Grazi, sou canhoto e toda vida usei a 6

Putz! não esqueço o futebol.

Anônimo disse...

Eu achava que as pessoas eram diferenciadas por ter ou não sorte... Por muito tempo acreditei que o mundo fosse dividido assim... Hoje sei que não é bem assim... O mundo é dos talentosos, dos inteligentes, dos fortes, dos lutadores, dos incansáveis... Eu sou grato a Monique que um dia me apresentou em exemplo de pessoa assim... Mesmo que somente atraves de textos, sei que és tudo isso... Inteligente, incansável, forte... E sei que obstáculos serão sempre meios de demonstrar as pessoas que te cercam o quanto és grande... Torcendo sempre aqui por vc, para que sejas sempre alegre e feliz...

Anônimo disse...

...bora fazer de junho uma fogueira?
...bora tomar quentão a noite inteira e de manhã esquecer o rumo?