segunda-feira, 26 de maio de 2008

O MARQUIS VIROU JAVERT CATORZE HORAS DEPOIS

O Marquis veio tirar minhas mordaças. De todos os lugares. E eu nem imaginava que seria hoje. Onde havia orifícios, havia mordaças. E onde havia mordaças ele foi arrancando com uma superlativa sutileza de quem chacoalha lenços de seda na brisa dessas tardes em que uns dançam, contabilizam e dormem e outros agonizam, tossem e morrem. Tenho um orifício a menos, mas só até esta sexta, às sete.

"Hoje estou apenas para você, Marquis, e não há nada de tortura nisso. Nunca tinha pensado em ter um título. Mas quis ter um desde desde que soube que Rabicó era um marquês. Depois vieram todas aquelas personagens de Balzac, em camarotes durante intervalo de óperas e eu passei a recusar essa idéia. Mas ainda prefiro-os a sobrenomes com algarismos romanos. Mas ainda tenho dúvidas sobre aderir a seu título. Ontem foi pouco para saber o que você pretendia com ele. Um adorno, em você cai bem como um chapéu e em mim como uma presilha, dessas que se guarda em porta-jóias, com a afeição de uma jóia de família"

Assinado: a normalista com letra maiúscula que acho que me tornei.

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